Na Medicina Ayurveda, encontramos diversas plantas consideradas sagradas. Uma delas é a ashoka, também conhecida como Saraca asoca ou Saraca indica.
Dentro da mitologia hindu, diz-se que Gautama Buda nasceu sob a sombra de uma árvore de ashoka. Ela também aparece no épico Ramayana, quando Sita, esposa de Rama, se senta sob uma árvore de ashoka em Lanka.
Acredita-se que essa planta é habitada por espíritos femininos da Natureza, as Yakshinis. Por isso, muitas mulheres amarram fios vermelhos em seus galhos e oferecem água de açafrão à árvore, pedindo bênçãos como fertilidade, parto seguro e felicidade conjugal.
Templos dedicados à Deusa também mantêm árvores de Ashoka como uma forma de conexão com a Energia Feminina Primordial, o que pode nos remeter ao culto à Deusa Árvore em muitas tradições ancestrais.
Na medicina, a adoração pela Saraca asoca não é menor. Isso porque ela carrega consigo inúmeras propriedades medicinais, especialmente para as mulheres.
O que significa ashoka?
Em sânscrito, ashoka significa “livre de tristeza”. Também pode significar “sem dor”. Por isso, a árvore ashoka costuma ser comparada a alegria, felicidade e saúde.
Originária da Índia, Nepal e Sri Lanka, ela é considerada uma das 36 árvores sagradas de acordo com o Shatsahasra Samhita, uma extensão do Kubjikamata Tantra.
Quais são as propriedades da Saraca asoca?
Segundo a Medicina Ayurvédica, a Saraca indica possui potência fria, sabor adstringente e picante, sabor pós-digestivo pungente, é leve e causa secura.
Sua casca é amarga, adstringente e de sabor doce, sendo um excelente estimulante do tecido endometrial e ovariano.
De acordo com o Bhavaprakash Nighantu, a ashoka causa constipação, melhora a compleição, cura gota, sede, sensação de queimação, vermes, tuberculose, envenenamento e doenças do sangue.
O Raj Nighantu complementa essas informações, dizendo que a Saraca asoca é cardiotônica e alivia a queimação e a fadiga. Também reduz nódulos abdominais, cólicas e flatulências.
O Charaka Samhita, um dos textos clássicos do Ayurveda, nos traz a informação de que a ashoka é analgésica, antipirética e anti-inflamatória.
Estudos recentes também indicam que a ashoka é excelente no tratamento de artrite, aliviando a inflamação e a dor. Além disso, ela auxilia no processo digestivo.
A casca da Saraca asoca pode ser usada como antibactericida, antitumoral, antioxidante e anti-conceptiva. Já as flores da ashoka apresentam atividade anticancerígena e são usadas no tratamento de úlceras gástricas.
Suas sementes são usadas para tratamento de febre, enquanto suas folhas têm ação analgésica e anti-inflamatória.
Além disso, os extratos de raiz, casca e semente de ashoka são usados no tratamento de problemas da pele, como eczema, psoríase, acne, dermatite, herpes, prurido, sarna, pé-de-atleta e câncer de pele.
Ashoka na Ginecologia Ayurveda
Em striroga, a ashoka é tradicionalmente usada no tratamento de distúrbios como fluxo menstrual intenso (menorragia) e corrimento vaginal.
Ela estimula o endométrio e a atividade dos ovários, sendo indicada como tônico uterino. Também age na regulação do ciclo menstrual, além de ser um ótimo sedativo para cólicas e relaxamento das contrações do útero durante o período menstrual.
A casca do caule da ashoka pode ser usada como método contraceptivo natural. Além disso, a Saraca indica também pode ser usada em casos de hemorragia interna, hemorróidas, úlceras, afecções uterinas, miomas uterinos, menometrorragia (sangramento uterino excessivo, dentro e fora do período menstrual), pólipos endometriais e espinhas.
Onde encontrar ashoka?
Naturalmente, a Ashoka não cresce no Brasil. E, infelizmente, por se tratar de uma árvore selvagem, que se desenvolve em meio a florestas tropicais, ela vem sendo cada vez menos encontrada em seu habitat natural.
Sendo assim, apesar de seus inúmeros benefícios, o ideal é não ficar importando esse tipo de medicamento, a fim de evitar a completa extinção da espécie.
O melhor é sempre encontrar plantas nativas que possuam propriedades semelhantes e que não estejam sob risco de desaparecer pelo extrativismo irresponsável.
Por essa razão, é importante termos estudos aprofundados sobre a flora brasileira e suas propriedades medicinais, a fim de que possamos cuidar da nossa saúde de forma simples e natural sem explorar outros biomas.
Espero que você tenha gostado de saber mais a respeito da ashoka e de suas propriedades curativas. Se quiser continuar explorando o universo das ervas medicinais, te convido a conhecer também o kapikacchu.
Um abraço e até o próximo artigo!
Eve.


